Total de visualizações de página

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A ciência explica como surgem grandes assassinos


/


Por Roberta de Medeiros


A sociedade prepara o crime, o criminoso o comete. Até pouco tempo essa era basicamente essa a explicação para a conduta de grandes impostores e assassinos. Ou seja, o crime era visto como uma resposta de um certo grupo frente a um ambiente hostil, de violência, individualismo e competição. "É preciso matar para não morrer", era o pensamento atribuído ao criminoso.

Hoje, porém, a ciência tenta investigar a predisposição biológica para a criminalidade. Parece ser esse o caminho explorado por uma emergente teoria, a da genética da violência, defendida pelo professor Ricardo Flores, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em seu discurso feito no 51º Congresso Brasileiro de Genética, em Águas de Lindóia (SP).

Durante o congresso, ele afirmou que todos grandes assassinos teriam problemas no funcionamento do cérebro. Um ambiente de violência e perigo, por exemplo, faria com que uma das formas alternativas do gene ligado ao comportamento seja inibida. Isso seria o bastante para abalar o frágil equilíbrio entre as substâncias ligadas às emoções - os neurotransmissores.

Como se fossem mensageiras, essas substâncias levam informações de uma célula a outra no sistema nervoso. Graças à transmissão dessas informações pelas células nervosas até o cérebro, somos capazes de perceber estímulos, como um grito ou uma doce melodia, e interpretá-los como um sinal de perigo ou bem-estar, dor ou alegria, tensão ou relaxamento.

Uma das substâncias mais importantes é a serotonina, responsável pelo humor. O problema é que crianças que sofrem violência passam a produzir a substância numa escala bem maior. E as grandes descargas afetam a formação do cérebro, que é programado para que ela se torne fria e impiedosa em relação às pessoas.

Porém, crescer em um ambiente hostil, pura e simplesmente, não torna uma pessoa criminosa. O risco estaria na soma dos dois fatores, o ambiental e a predisposição genética. Quando somente um dos fatores aparece, porém, o comportamento transgressor dificilmente é registrado. Mas do contrário, a mistura seria decisiva.

Psicopatas

O comportamento criminoso estaria associado que os especialistas chamam de psicopatia (ou sociopatia). Em geral, o perfil de um psicopata é uma pessoa que sai à caça de novidades e que tem gosto pelo perigo. Não sente necessidade de fugir de situações de ameaça e tem pouca dependência da aprovação dos outros em relação à sua conduta. Ou seja, sua vontade é sua lei.

São pessoas manipuladoras, que têm dificuldade de sentir afeto e compaixão. São, portanto, incapazes de manter uma relação e de amar. Elas mentem, roubam, abusam, trapaceiam, negligenciam suas famílias e parentes, colocam em risco suas vidas e a de outras pessoas. Enfim, elas pensam que o outro não passa de um obstáculo a ser removido.

Estudos recentes mostram que esse tipo de comportamento estaria ligado à atividade diferenciada dos três principais neurotransmissores que atuam no cérebro - a dopamina, a serotonina e a noradrenalina. O balanceamento, para mais ou para menos, determinaria a personalidade de uma pessoa.

A psicologia moderna trabalha com três principais grupos de personalidades: o que busca novidades (extrovertidos), o que foge de ameaças (introvertidos) e o que tende ora para um lado e ora para o outro, de acordo com a recompensa obtida por sua conduta (considerado o mais comum).

O psicopata seria um extrovertido por natureza. O que corresponderia à alta atividade de dopamina (que leva à busca de novidade), baixa atividade de serotonina (relacionada à inibição e à fuga do perigo) e de noradrenalina (ligada à dependência de recompensa).
Publicado na revista Fato

Nenhum comentário:

Postar um comentário