Por Roberta de Medeiros
Elas simplesmente repudiam qualquer estímulo sexual, até mesmo carícias e beijos, e podem ficar horrorizadas somente de pensar no assunto. São pessoas que, literalmente, têm fobia de sexo. Quando postas diante de uma situação em que a transa é um desfecho provável, a reação é de ansiedade e desconforto.
Em certos casos, a pessoa pode ser tomada por um ataque de pânico. O organismo é completamente abalado: sensação de terror, palpitação, náusea, tremor, suor intenso, tontura, desarranjo intestinal e falta de ar. A resposta física é semelhante àquela presente em outros tipos de fobia.
“Há pessoas que desenvolvem fobia de elevador, outras têm muito medo de barata, mas isso é socialmente aceitável. Já na aversão a sexo há um grande comprometimento da vida social”, disse o psicólogo Oswaldo Rodrigues Júnior, presidente da Sociedade Brasileira para Estudo da Sexualidade Humana em entrevista a revista Fato.
Segundo ele, quem sofre de aversão ao sexo geralmente tenta escamotear o problema – ou evita casamentos ou casa-se com pessoas que se encontram nas mesmas condições. “Essa pessoa não sente qualquer prazer ou desejo e foge do contato sexual a qualquer custo”, explica.
Geralmente o problema está ligado a traumas de agressão sexual, experiências dolorosas repetidas e conflitos que deixaram marcas inconscientes quanto ao sexo. Um homem cujo amigo morreu de uma doença coronariana irá evitar o ato sexual temendo que o esforço físico resulte num ataque cardíaco, por exemplo.
O psicólogo salienta que, apesar da experiência dolorosa funcionar como gatilho para o surgimento da atitude de esquiva, é a personalidade que irá determinar se a pessoa terá ou não repugnância a sexo. “Uma mulher pode ser estuprada só irá desenvolver fobia se tiver predisposição para isso”, exemplifica.
-Vaginismo
Ao lado da psicóloga Fátima Broti, ele ainda estuda outro problema que afeta a sexualidade feminina, o vaginismo. De ordem psicológica, a perturbação causa contrações vaginais involuntárias sempre que tentada a penetração. O que pode causar dor, desconforto e até impedir a penetração.
Diferente das mulheres que têm aversão a sexo, aquelas que têm vaginismo podem sentir desejo, prazer e até são capazes de ter orgasmos. Porém, elas têm contrações vaginais por associarem a atividade sexual à sensação de medo ou dor.
Insistir em relações que não geram prazer, entretanto, está longe de ser uma solução adequada. Ao contrário. Quanto mais se tenta a penetração, mais o medo é se acentua. Tal reação leva a um espessamento da musculatura da vagina, coxas e abdômen. E, conseqüentemente, a uma piora do quadro.
Ainda que os estudos na área não sejam conclusivos, alguns especialistas sugerem a relação vaginismo com experiências de grande dor física (mesmo não-sexual). Mulheres que passam por uma difícil cirurgia, uma doença ou um acidente grave podem tornar-se sensíveis à idéia de penetração, por exemplo.
Da mesma forma que a fobia, no entanto, a perturbação não deve ser relacionada à dor e a agressão sexual numa relação direta de causa e efeito. Prova disso é que nenhuma das pacientes que participaram do estudo relatou sofrer traumas do gênero.
-Justificativa social
Há uma série de justificativas sociais usadas pelas mulheres para mascarar o transtorno. O psicólogo menciona o caso de uma paciente de 28 anos nunca fez sexo. “Ela dizia que não havia encontrado a pessoa certa, mas o fato é que havia algo que a impedia de manter relações”, diz.
Velhas conhecidas, as desculpas para se esquivar do sexo vão além da famigerada dor de cabeça. Outras: dormir cedo, viajar, descuidar-se da aparência pessoal, tomar substâncias, envolver-se com diversas atividades e passar a maior parte do tempo no trabalho.
Publicado na revista Fato
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